Buscadores antes do Google: Como as pessoas pesquisavam na web?
Quando pensamos em buscas na Internet, nada mais nos vem à cabeça além do Google. Mesmo quem viu a Internet chegar comercialmente no Brasil em 1995, acaba se esquecendo que as buscas não nasceram em uma tela branca, logos divertidos e um campo simples de texto, onde se acha de tudo. Nos primórdios, a Internet não passava de uma grande confusão. Não havia um guia mais preciso para achar aquilo que se buscava através de palavras ou algo semelhante. As pessoas simplesmente seguiam links aleatórios na esperança de encontrar algo interessante, por sorte mesmo.
Mas, existiram de fato bons buscadores antes do Google? Considerando que a exigência do usuário não era tão grande no início, a resposta é sim. Surgiram diversos mecanismos de pesquisa organizadores do fluxo de informações na rede, que só aumentava. E, já dizia aquela marchinha antiga de carnaval: Recordar é viver.
Como eram os buscadores antes do Google? Para você que tinha Internet discada, já assinou o STI e cansou de receber os CDs da AOL, pode refrescar a memória e matar, ou não, a saudade. E para quem já nasceu com um Smartphone na mão, este post serve como documento de uma não tão distante pré-história.
América do Norte: a festa dos buscadores antes do Google
Em 1990, antes de a Internet chegar ao Brasil, um estudante canadense chamado Alan Emtage criou uma ferramenta chamada Archie. Este é considerado uma das primeiras formas de realização de pesquisas na Internet. Na época do Archie não existia a www (world wide web). Então para conseguir pesquisar, era necessário acessar os servidores do Archie utilizando um cliente local ou a Telnet, um protocolo de rede que permite a comunicação entre dois computadores na mesma rede.
Já em 1993 surge nos EUA o Excite (antigo Architext), tornando as buscas virtuais mais refinadas. O Excite já funcionava mais ou menos da forma como conhecemos hoje. Em vez de apenas fazer uma compilação de links, como os seus antecessores, já se podia digitar uma palavra e ter acesso a páginas que continham o termo desejado. Por incrível que pareça, o Excite ainda existe. Dê uma olhada— o design ainda é bem semelhante ao que havia no início.
No ano de 1994, surge o Yahoo!. Dois alunos da Universidade de Stanford, Jerry Yang e David Filo, precisavam reunir informações para um concurso sobre a liga de basquete Universitária. Vendo o caos que era tentar utilizar a Internet na busca dos dados necessários, a dupla percebeu que havia uma grande oportunidade no mercado. Porém, o mecanismo de busca não se sustentaria se não fosse sua união com a publicidade. Era preciso fazer dinheiro para que o projeto fosse adiante. Assim, em 1995 o Yahoo começou a disponibilizar espaços publicitários chamados banners em sua página. Foi um sucesso. Vale lembrar que neste mesmo ano nasceram outros concorrentes como o Infoseek, AltaVista, WebCrawler. e Lycos, este último ainda em operação.
Brasil: de minerador a buscador do Seu Creysson
Enquanto nos EUA proliferavam novas tecnologias, o Brasil fez sua parte. Surgiram aqui diversos buscadores antes do Google que foram bastante populares. Antes de falar dos mais conhecidos, vale a pena citar um dos buscadores mais inusitados que surgiram no país. O Guglio. Isso mesmo: Guglio. Em 2003, quando o personagem Seu Creysson era muito famoso no programa Casseta e Planeta, foi criado o Guglio, site que usava o mesmo mecanismo de busca do Google original, sendo divulgado como a melhor ferramenta “di busca da Uebio” em menção à linguagem do personagem. O site foi rapidamente proibido pelo Google.
Em 1996 surge no país outra plataforma bastante famosa na época, o Miner. Desenvolvido por Victor Ribeiro e Nivio Ziviani, da Universidade Federal de Minas Gerais, ele funcionava de forma diferente dos concorrentes. Era um site de metabusca, um sistema que permitia ao usuário a pesquisa em vários buscadores simultaneamente. Ele de fato minerava suas buscas em sites como o Cadê?, o Altavista e os ordenava em diretórios. O Miner foi inclusive o principal sistema de busca do BOL, famoso portal do grupo Folha/UOL.
Empresa quase milionária e Google dominando o mundo
Outro caso bastante interessante: Em 1997, um adolescente de apenas 14 anos chamado Edgard Nogueira criou um outro grande player do mercado nacional — o Aonde.com. O site chegou a ser avaliado em 10 milhões de dólares, mas Edgard não vendeu a empresa, perdendo mercado para os gigantes Yahoo! e Google. O site está ativo até hoje. Criado em 1995, o buscador Cadê criado por Fábio de Oliveira e Gustavo Viberti, sobreviveu muitos anos. Ele foi comprado por várias empresas até que chegou às mãos do Yahoo Brasil.
Então, agora você já sabe, ou lembra: Existiu, e ainda existe, um mundo pensante de buscadores antes do Google. E, por que o Google se mantém soberano? Falando em termos bem simples, o Google não para de se reinventar. Quando especialistas tentam manipular seu sistema, ele modifica seus padrões. Integra redes sociais, baseia sua busca na experiência do usuário, entre tantas outras funcionalidades. Resumindo: inovação, rapidez e a premissa de que há seres humanos atrás das buscas é o que mantém o Google líder no mercado hoje. Porém, na Internet nada é garantido. Amanhã pode surgir outro, e teremos que fazer um post aqui no blog sobre o passado do Google. Lembra de algum outro buscador antigo? Então conte pra gente nos comentários.